Exposição de Guilherme Silva

Constrói-se aos poucos. Destrói-se aos pedaços.” é uma exposição individual de Guilherme Silva, que reúne um conjunto de esculturas modeladas em cera – algumas convertidas a bronze – e uma série de pinturas a pastel seco e óleo. Uma carrinha de brincar torna-se o veículo de um assunto sério, quando é posta à prova em diversas situações satíricas e fictícias. A ironia está intrínseca no destino desta carrinha, deste veículo, que não é mais do que um exemplo metafórico de uma outra coisa, um meio de expressão para atingir os melhores resultados mesmo nas piores circunstâncias.

Inaugura no próximo dia 10 de Março, sexta-feira pelas 18h00.

A exposição esteve patente ao público no mês de Outubro, mostrando os trabalhos realizados pêlos Utentes do Departamento de Psiquiatria e Saúde Metal do Centro Hospitalar do Oeste, coordenado por Vera Gonçalves.

Este projecto teve a particularidade de dar ênfase à Liberdade de Expressão com a cor através do ato de pintar. Como objectivo, o Workshop, pretendeu mesclar a arquitectura da Cidade de Caldas da Rainha com imagens abstractas com que os participantes mais se identificassem.

Recriando de forma livre e abstracta, este exercício demandou uma busca de identidade dos participantes através de imagens impressas e da cor.

Para cada participante, a obra resultante será como um PASSAPORTE identitário de uma visita onde o seu emocional transpareça, a fim de transmitir o que sentiu e por onde andou.

Ficha Técnica

Autoria: Utentes do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar do Oeste

Orientação do Workshop: Vera Gonçalves /ESAD.CR

Curadoria: Célia Bragança /ESAD.CR

Produção: IPLeiria/ESAD.CR, Centro Hospitalar do Oeste, Liga dos Amigos do Hospital de Caldas da Rainha, Museu do Hospital e das Caldas

Comunicação: Paulo Gosta/ESAD.CR, Vera Gonçalves/ESAD.CR

Realização: Oficinas de Serigrafia e Gravura da ESAD.CR

O Dia Internacional da Saúde Mental, celebrado a 10 de Outubro de 2022, oferece a oportunidade de chamar a atenção para uma área muitas vezes descurada e negligenciada do nosso bem-estar, dá-nos a oportunidade de reflectir sobre a forma como podemos melhorar a nossa própria saúde e ir ao encontro dos outros.

Por outro lado, o estigma em relação à doença mental torna difícil falar sobre o tema, constrange a procura de ajuda e chega a afetar a capacidade de reconhecimento quando a doença mental está presente. Coma lente do estigma, as pessoas com um diagnóstico de doença mental podem ser vistas como dependentes, não confiáveis e até preguiçosas.

Desde os anos 60s que artistas e organizadores de arte se ligaram ao conceito de “arte comunitária” com o desenvolvimento de projectos de inclusão. A arte permite a expressão de valores sociais e individuais, pode comunicar um propósito moral ou educacional, e explicar a experiência emocional ou racional do mundo de alguém.

Visto de outra forma, quem se expressa pela arte pode sentir-se melhor consigo mesmo e com o mundo. A arte pode ser um meio para a manifestação emocional, um veículo de elaboração e ensaio do processo criativo. A experiência artística pode intensificar a expressão de vivências, assim como a reconfiguração consciencializada de representações inconscientes e de afetos ligados ao sensorial.

A arte pode curar quem a gera e quem a vê.

Catarina de Jesus



Uma Introdução

André Ribeiro Lopes nasceu em 1993 nas Caldas da Rainha, onde atualmente vive e trabalha. Em 2015 concluiu a licenciatura em Artes Plásticas na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, e ingressou no mesmo ano no Mestrado em Artes Plásticas com o respetivo término em 2017. Desde então, o André tem trabalhado de forma autodidata, tendo sempre mantido a sua atividade artística nesta exploração de diálogo contínuo que a arte contemporânea dispõe.Presentemente o seu trabalho desenvolve-se em torno de estímulos instintivos inerentes ao homem e à prática artística. Entre estes dedica especial importância ao gesto livre e deliberado, às cores e à composição que o emaranhado de forma delimita nas superfícies de trabalho. O artista dá primazia à vitalidade do trabalho, procurando um momento final (e/ou inicial) de forças entre o que está representado sobre as superfícies e as características que o trabalho abarca enquanto matéria agida.A atual exposição é um aglomerado de trabalhos que exploram o fascínio da mente no que toca ao pensamento como meio de atingir um fim material – uma realidade que será devolvida após a sua criação no universo da fantasia – este interesse surge no André devido a problemas de saúde que não se manifestam claramente, conduzindo assim o artista a procurar a sua própria forma de cura. O trabalho em desenho assume-se como forma de materializar em imagens estas ideias que lhe pareciam cada vez mais concretas. E enquanto trabalhava, curava.O artista opta frequentemente por fazer do próprio exercício de expor também ele um exercício de construção e criação alinhando e interligando imagens, (neste caso todas criadas pelo autor) numa proximidade que por vezes assume uma óptica curaturial. O autor pretende desta maneira, criar através da disposição, um espaço neutro para que cada espectador possa ter uma experiência individual fortuita.André Lopes, tal como o presente texto complementar propõe, refere que esta é apenas uma das possíveis introduções ao seu trabalho e cita que este desprovém de qualquer intuito intelectual de glorificar o seu trabalho. O autor sublinha que o seu interesse é acima de tudo debruçado sobre a produção das imagens que cria e defende que as mesmas devem conter as características de valor implícitas, e deste modo autenticarem-se como imagens de interesse plástico per se

“Acontecem coisas, mas elas não são definitivamente incluídas ou decididamente excluídas; andamos à deriva. Rendemo-nos de acordo com pressões externas, ou evadimo-nos e comprometemo-nos. Existem começos e cessações mas não existem genuínos inícios e conclusões.”

Dewey, J.(1934). Having an Experience (Tradução Fernando Poeiras). Em Art as Experience. New York: Minton, Balch & Company, p.40-41


Presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha
Sr. Victor Marques

Celebram-se a 26 de agosto os 95 anos de elevação das Caldas da Rainha a cidade, corria o ano de 1927, num processo que evidencia a importância da participação ativa e cidadania, protagonizada por cidadãos e entidades que partilhavam entre si uma dinâmica vontade de progresso e modernização urbanística.A elevação das Caldas da Rainha a cidade afirma-se como o culminar de um percurso secular que se construiu em torno do Hospital Termal e das dinâmicas económicas, sociais e culturais que daí advieram, hoje História e identidade de todos os caldenses.Naquele início de século, viviam-se tempos de rutura e instabilidade política, que, ainda assim, não condicionaram a vontade e mobilização das forças vivas que conduziram à passagem de Caldas de vila a cidade, organizando-se em movimentos e iniciativas que pretendiam atrair as atenções do governo central, para o papel preponderante das Caldas da Rainha, a nível do distrito de Leiria, mas também no contexto nacional.Com um crescimento demográfico considerável, no século XIX, a economia local baseava-se predominantemente na saúde, pelo Hospital Termal, e no comércio, eixos fundamentais para o desenvolvimento económico da cidade. A juntar-se a estes setores, a agricultura que, numa visão inovadora se associava já à indústria e maquinaria, nomeadamente com a dinamização de exposições dedicadas ao setor, na década de 20 do século passado, como forma de trazer novas dinâmicas económicas e comerciais ao Concelho.A par do contexto politico e económico, aqui brevemente abordados, importa referir que quando falamos de Caldas da Rainha, falamos inevitavelmente de cultura e arte, domínios que se revelaram determinantes para a elevação a cidade, destacando-se o contributo da cerâmica, pintura e escultura, tornadas faces visíveis dos esforços de enriquecimento dos espaços públicos, fruto de uma visão urbanística que pretendia corresponder aos elevados desígnios de cidade termal e cultural, idealizada por dois nomes maiores da arquitetura – Rodrigo Berquó e Paulino Montês – que, entre finais do século XIX e princípios do século XX, desempenharam preponderantes papéis na cidade que reconhecemos até aos dias de hoje.Por tudo isto, percebemos que o momento exemplar da elevação das Caldas da Rainha, pelo movimento de cidadania implicado – e que deixaria importantes bases na vida política e social da cidade -, pelas ambições de desenvolvimento social, urbano e económico – eixos que exigem atenção e trabalho contínuo, por isso foco constante das políticas municipais – e pelo papel da cultura e artes, testemunho de uma relação próxima com a cidade, desde os tempos da fundação – presentemente sob novo impulso, pelo desígnio de Cidade Criatividade – não se esgota na efemeridade da data, devendo sim, ser motivo de celebração e reconhecimento diário.De referir ainda que vivemos hoje um novo momento para a cidade, resultado da profunda reconfiguração do complexo termal que vai muito além da imperativa requalificação das infraestruturas, constituindo-se como um amplo Plano de Intervenção Municipal para a Área Termal e Zona Envolvente, transversal aos domínios da saúde e bem estar, cultura, turismo, sustentabilidade, urbanismo e mobilidade, aspetos fundamentais do projeto termal que se pretende instituir na cidade, assim honrando e dando continuidade à ação iniciada pela Rainha D. Leonor.

Victor Marques – Presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha

É pelo decreto-lei de 26 de Novembro de 1926, que entrou em vigor em Agosto de 1927, que se oficializa a categoria de cidade, Caldas da Rainha. Considerando que a, até então, vila das Caldas da Rainha, “graças à actividade dos seus habitantes, graças às excelências das suas termas, adquiriu um desenvolvimento que bem justifica a sua elevação”.

Nicolau Borges, numa exposição sobre o tema por ocasião das comemorações desta efeméride, considera que a atribuição “deve-se a uma estratégia bem planeada e executada de grandes elites da época, que lutaram por uma cidade que podia competir, do ponto de vista económico, turístico e cultural com outras cidades, afirmando-se assim uma nova centralidade a nascer entre Lisboa e Coimbra”.

Este movimento de desenvolvimento, incrementado no segundo quartel do século XX, é iniciado após a diminuição da afluência de veraneantes às termas, obrigando a vila a perspectivar outros caminhos para o desenvolvimento económico.

Nicolau Borges aponta “fatos históricos que levaram a este reconhecimento, como o relatório de 1916, do 1º orçamento suplementar do hospital termal, que concluiu: “O conflito europeu veio afectar a economia do Hospital Termal, pelo encarecimento dos géneros alimentícios, combustível, material e aparelhos de ferro, cobre, etc., quase todos de proveniência estrangeira, recomendando-se que no novo regime orgânico do Hospital se considere a separação entre hospital e balneário, devendo este ser dado de exploração à iniciativa privada”.

Neste mesmo ano é criada uma comissão para estudar as bases segundo as quais se efectivará o arrendamento do balneário e suas dependências, propondo-se a entrega do Hospital de Santo Isidoro à Câmara Municipal. As elites da época afirmavam que para a modernidade e urbanidade caldense havia necessidade de uma intervenção das infra-estruturas urbanas, nomeadamente, água canalizada, rede telefónica, melhoria do fornecimento de energia eléctrica e iluminação pública, pavimentação de ruas e integração urbana, tal como a existência de novos conceitos urbanos como igreja e liceu.”

A modernização dos equipamentos, nomeadamente a modernização do hospital, do parque e da mata, criação de um museu das artes, instalação dos correios em edifício próprio e novas instalações para a sede da Câmara Municipal e outras repartições, bem como o desassoreamento da Lagoa de Óbidos e conservação da praia da Foz do Arelho, já eram na altura pontos fundamentais e estruturantes para as Caldas da Rainha.

Cria-se o Laboratório Municipal em 1924, a Misericórdia das Caldas, a Comissão de Iniciativa e Turismo. Caldas é promovida a cidade em 1927, sendo apresentado um novo Plano de Urbanização. Em 1940 surgiram novos edifícios, para os correios e para a Caixa de Crédito Agrícola, a garagem Capristanos em 1949 e em 1950 inicia-se a construção da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, começando a surgir a nova praça do Município e uma nova centralidade.

A informação demográfica das Caldas da Rainha antes e após a elevação a cidade é notória, sendo que passou de 6 837 habitantes em 1920 para 9 632 habitantes em 1940.

Museu do Hospital e das Caldas

A residência artística dos estudantes de Práticas Artísticas Sociais da ESAD.CR, no Museu do Hospital e das Caldas parte da pesquisa do património material e imaterial do museu, seguido de trabalho de campo, para exploração de vários aspetos de construção da obra site-specific. Neste último momento há a partilha da exposição onde os artistas residentes tratam referentes como: a água, o fluxo do tempo, a cura, a nascente no bordo oeste da Serra dos Candeeiros, as salas dos banhos termais, o pedilúvio e o manilúvio, as memórias do parque, a rainha e o rei, ou os querubins – que evocam seres não-binários.

A exposição INFILTRAÇÕES, é o resultado dos trabalhos produzidos, agora em exibição no Museu. Poderá ser vista até ao próximo dia 9 de Julho entre terça e sábado das 10h00 às 16h00.

Créditos: Pedro Cá

O mote é a arte, porém o património assume-se como espaço primordial na criação, desenvolvimento e exposição de obras, no contexto cultural e artístico que se vive por estes dias no Museu.

A sua salvaguarda não podia por isso ficar descurada, e a oportunidade para dar a conhecer, é também a oportunidade para sensibilizar e fomentar boas práticas na sua utilização.

O acolhimento do projecto apresentado pelo colectivo CasaAbaixo, inserido no Caldas Late Night, permitiu desenvolver uma parceria que vai de encontro aos objectivos, comuns, propostos.

Nesse sentido, e por iniciativa própria, propuseram-se a fazer uma limpeza do espaço. Foram três dias de lavagens, tentando remover graffitis das janelas e pedras de toda a zona do anfiteatro do Museu.

Sabemos porém que esta é uma tarefa ingrata. Além das características da pedra, da fragilidade dos vidros, e das tipologias de tinta utilizadas, foram vários os momentos em que, enquanto se limpava de um lado, alguém riscava do outro.

Fica porém o registo do esforço colectivo, e acima de tudo da sensibilidade demonstrada, resultando numa campanha de sensibilização que facilmente se espalhou por toda a comunidade do CLN.

E fica para futuro a perspectiva de mais acções, concertadas com outros agentes, com o objectivo de voltar a intervir nestes espaços, e de procurar desenvolver uma dinâmica cultural mais frequente, que valorize este património.

Afinal, e servindo de mote a esta iniciativa, opatrimoniotambememeu.