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A exposição esteve patente ao público no mês de Outubro, mostrando os trabalhos realizados pêlos Utentes do Departamento de Psiquiatria e Saúde Metal do Centro Hospitalar do Oeste, coordenado por Vera Gonçalves.

Este projecto teve a particularidade de dar ênfase à Liberdade de Expressão com a cor através do ato de pintar. Como objectivo, o Workshop, pretendeu mesclar a arquitectura da Cidade de Caldas da Rainha com imagens abstractas com que os participantes mais se identificassem.

Recriando de forma livre e abstracta, este exercício demandou uma busca de identidade dos participantes através de imagens impressas e da cor.

Para cada participante, a obra resultante será como um PASSAPORTE identitário de uma visita onde o seu emocional transpareça, a fim de transmitir o que sentiu e por onde andou.

Ficha Técnica

Autoria: Utentes do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar do Oeste

Orientação do Workshop: Vera Gonçalves /ESAD.CR

Curadoria: Célia Bragança /ESAD.CR

Produção: IPLeiria/ESAD.CR, Centro Hospitalar do Oeste, Liga dos Amigos do Hospital de Caldas da Rainha, Museu do Hospital e das Caldas

Comunicação: Paulo Gosta/ESAD.CR, Vera Gonçalves/ESAD.CR

Realização: Oficinas de Serigrafia e Gravura da ESAD.CR

O Dia Internacional da Saúde Mental, celebrado a 10 de Outubro de 2022, oferece a oportunidade de chamar a atenção para uma área muitas vezes descurada e negligenciada do nosso bem-estar, dá-nos a oportunidade de reflectir sobre a forma como podemos melhorar a nossa própria saúde e ir ao encontro dos outros.

Por outro lado, o estigma em relação à doença mental torna difícil falar sobre o tema, constrange a procura de ajuda e chega a afetar a capacidade de reconhecimento quando a doença mental está presente. Coma lente do estigma, as pessoas com um diagnóstico de doença mental podem ser vistas como dependentes, não confiáveis e até preguiçosas.

Desde os anos 60s que artistas e organizadores de arte se ligaram ao conceito de “arte comunitária” com o desenvolvimento de projectos de inclusão. A arte permite a expressão de valores sociais e individuais, pode comunicar um propósito moral ou educacional, e explicar a experiência emocional ou racional do mundo de alguém.

Visto de outra forma, quem se expressa pela arte pode sentir-se melhor consigo mesmo e com o mundo. A arte pode ser um meio para a manifestação emocional, um veículo de elaboração e ensaio do processo criativo. A experiência artística pode intensificar a expressão de vivências, assim como a reconfiguração consciencializada de representações inconscientes e de afetos ligados ao sensorial.

A arte pode curar quem a gera e quem a vê.

Catarina de Jesus



Uma Introdução

André Ribeiro Lopes nasceu em 1993 nas Caldas da Rainha, onde atualmente vive e trabalha. Em 2015 concluiu a licenciatura em Artes Plásticas na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, e ingressou no mesmo ano no Mestrado em Artes Plásticas com o respetivo término em 2017. Desde então, o André tem trabalhado de forma autodidata, tendo sempre mantido a sua atividade artística nesta exploração de diálogo contínuo que a arte contemporânea dispõe.Presentemente o seu trabalho desenvolve-se em torno de estímulos instintivos inerentes ao homem e à prática artística. Entre estes dedica especial importância ao gesto livre e deliberado, às cores e à composição que o emaranhado de forma delimita nas superfícies de trabalho. O artista dá primazia à vitalidade do trabalho, procurando um momento final (e/ou inicial) de forças entre o que está representado sobre as superfícies e as características que o trabalho abarca enquanto matéria agida.A atual exposição é um aglomerado de trabalhos que exploram o fascínio da mente no que toca ao pensamento como meio de atingir um fim material – uma realidade que será devolvida após a sua criação no universo da fantasia – este interesse surge no André devido a problemas de saúde que não se manifestam claramente, conduzindo assim o artista a procurar a sua própria forma de cura. O trabalho em desenho assume-se como forma de materializar em imagens estas ideias que lhe pareciam cada vez mais concretas. E enquanto trabalhava, curava.O artista opta frequentemente por fazer do próprio exercício de expor também ele um exercício de construção e criação alinhando e interligando imagens, (neste caso todas criadas pelo autor) numa proximidade que por vezes assume uma óptica curaturial. O autor pretende desta maneira, criar através da disposição, um espaço neutro para que cada espectador possa ter uma experiência individual fortuita.André Lopes, tal como o presente texto complementar propõe, refere que esta é apenas uma das possíveis introduções ao seu trabalho e cita que este desprovém de qualquer intuito intelectual de glorificar o seu trabalho. O autor sublinha que o seu interesse é acima de tudo debruçado sobre a produção das imagens que cria e defende que as mesmas devem conter as características de valor implícitas, e deste modo autenticarem-se como imagens de interesse plástico per se

“Acontecem coisas, mas elas não são definitivamente incluídas ou decididamente excluídas; andamos à deriva. Rendemo-nos de acordo com pressões externas, ou evadimo-nos e comprometemo-nos. Existem começos e cessações mas não existem genuínos inícios e conclusões.”

Dewey, J.(1934). Having an Experience (Tradução Fernando Poeiras). Em Art as Experience. New York: Minton, Balch & Company, p.40-41


Presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha
Sr. Victor Marques

Celebram-se a 26 de agosto os 95 anos de elevação das Caldas da Rainha a cidade, corria o ano de 1927, num processo que evidencia a importância da participação ativa e cidadania, protagonizada por cidadãos e entidades que partilhavam entre si uma dinâmica vontade de progresso e modernização urbanística.A elevação das Caldas da Rainha a cidade afirma-se como o culminar de um percurso secular que se construiu em torno do Hospital Termal e das dinâmicas económicas, sociais e culturais que daí advieram, hoje História e identidade de todos os caldenses.Naquele início de século, viviam-se tempos de rutura e instabilidade política, que, ainda assim, não condicionaram a vontade e mobilização das forças vivas que conduziram à passagem de Caldas de vila a cidade, organizando-se em movimentos e iniciativas que pretendiam atrair as atenções do governo central, para o papel preponderante das Caldas da Rainha, a nível do distrito de Leiria, mas também no contexto nacional.Com um crescimento demográfico considerável, no século XIX, a economia local baseava-se predominantemente na saúde, pelo Hospital Termal, e no comércio, eixos fundamentais para o desenvolvimento económico da cidade. A juntar-se a estes setores, a agricultura que, numa visão inovadora se associava já à indústria e maquinaria, nomeadamente com a dinamização de exposições dedicadas ao setor, na década de 20 do século passado, como forma de trazer novas dinâmicas económicas e comerciais ao Concelho.A par do contexto politico e económico, aqui brevemente abordados, importa referir que quando falamos de Caldas da Rainha, falamos inevitavelmente de cultura e arte, domínios que se revelaram determinantes para a elevação a cidade, destacando-se o contributo da cerâmica, pintura e escultura, tornadas faces visíveis dos esforços de enriquecimento dos espaços públicos, fruto de uma visão urbanística que pretendia corresponder aos elevados desígnios de cidade termal e cultural, idealizada por dois nomes maiores da arquitetura – Rodrigo Berquó e Paulino Montês – que, entre finais do século XIX e princípios do século XX, desempenharam preponderantes papéis na cidade que reconhecemos até aos dias de hoje.Por tudo isto, percebemos que o momento exemplar da elevação das Caldas da Rainha, pelo movimento de cidadania implicado – e que deixaria importantes bases na vida política e social da cidade -, pelas ambições de desenvolvimento social, urbano e económico – eixos que exigem atenção e trabalho contínuo, por isso foco constante das políticas municipais – e pelo papel da cultura e artes, testemunho de uma relação próxima com a cidade, desde os tempos da fundação – presentemente sob novo impulso, pelo desígnio de Cidade Criatividade – não se esgota na efemeridade da data, devendo sim, ser motivo de celebração e reconhecimento diário.De referir ainda que vivemos hoje um novo momento para a cidade, resultado da profunda reconfiguração do complexo termal que vai muito além da imperativa requalificação das infraestruturas, constituindo-se como um amplo Plano de Intervenção Municipal para a Área Termal e Zona Envolvente, transversal aos domínios da saúde e bem estar, cultura, turismo, sustentabilidade, urbanismo e mobilidade, aspetos fundamentais do projeto termal que se pretende instituir na cidade, assim honrando e dando continuidade à ação iniciada pela Rainha D. Leonor.

Victor Marques – Presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha

É pelo decreto-lei de 26 de Novembro de 1926, que entrou em vigor em Agosto de 1927, que se oficializa a categoria de cidade, Caldas da Rainha. Considerando que a, até então, vila das Caldas da Rainha, “graças à actividade dos seus habitantes, graças às excelências das suas termas, adquiriu um desenvolvimento que bem justifica a sua elevação”.

Nicolau Borges, numa exposição sobre o tema por ocasião das comemorações desta efeméride, considera que a atribuição “deve-se a uma estratégia bem planeada e executada de grandes elites da época, que lutaram por uma cidade que podia competir, do ponto de vista económico, turístico e cultural com outras cidades, afirmando-se assim uma nova centralidade a nascer entre Lisboa e Coimbra”.

Este movimento de desenvolvimento, incrementado no segundo quartel do século XX, é iniciado após a diminuição da afluência de veraneantes às termas, obrigando a vila a perspectivar outros caminhos para o desenvolvimento económico.

Nicolau Borges aponta “fatos históricos que levaram a este reconhecimento, como o relatório de 1916, do 1º orçamento suplementar do hospital termal, que concluiu: “O conflito europeu veio afectar a economia do Hospital Termal, pelo encarecimento dos géneros alimentícios, combustível, material e aparelhos de ferro, cobre, etc., quase todos de proveniência estrangeira, recomendando-se que no novo regime orgânico do Hospital se considere a separação entre hospital e balneário, devendo este ser dado de exploração à iniciativa privada”.

Neste mesmo ano é criada uma comissão para estudar as bases segundo as quais se efectivará o arrendamento do balneário e suas dependências, propondo-se a entrega do Hospital de Santo Isidoro à Câmara Municipal. As elites da época afirmavam que para a modernidade e urbanidade caldense havia necessidade de uma intervenção das infra-estruturas urbanas, nomeadamente, água canalizada, rede telefónica, melhoria do fornecimento de energia eléctrica e iluminação pública, pavimentação de ruas e integração urbana, tal como a existência de novos conceitos urbanos como igreja e liceu.”

A modernização dos equipamentos, nomeadamente a modernização do hospital, do parque e da mata, criação de um museu das artes, instalação dos correios em edifício próprio e novas instalações para a sede da Câmara Municipal e outras repartições, bem como o desassoreamento da Lagoa de Óbidos e conservação da praia da Foz do Arelho, já eram na altura pontos fundamentais e estruturantes para as Caldas da Rainha.

Cria-se o Laboratório Municipal em 1924, a Misericórdia das Caldas, a Comissão de Iniciativa e Turismo. Caldas é promovida a cidade em 1927, sendo apresentado um novo Plano de Urbanização. Em 1940 surgiram novos edifícios, para os correios e para a Caixa de Crédito Agrícola, a garagem Capristanos em 1949 e em 1950 inicia-se a construção da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, começando a surgir a nova praça do Município e uma nova centralidade.

A informação demográfica das Caldas da Rainha antes e após a elevação a cidade é notória, sendo que passou de 6 837 habitantes em 1920 para 9 632 habitantes em 1940.

Museu do Hospital e das Caldas

A residência artística dos estudantes de Práticas Artísticas Sociais da ESAD.CR, no Museu do Hospital e das Caldas parte da pesquisa do património material e imaterial do museu, seguido de trabalho de campo, para exploração de vários aspetos de construção da obra site-specific. Neste último momento há a partilha da exposição onde os artistas residentes tratam referentes como: a água, o fluxo do tempo, a cura, a nascente no bordo oeste da Serra dos Candeeiros, as salas dos banhos termais, o pedilúvio e o manilúvio, as memórias do parque, a rainha e o rei, ou os querubins – que evocam seres não-binários.

A exposição INFILTRAÇÕES, é o resultado dos trabalhos produzidos, agora em exibição no Museu. Poderá ser vista até ao próximo dia 9 de Julho entre terça e sábado das 10h00 às 16h00.

Créditos: Pedro Cá

O mote é a arte, porém o património assume-se como espaço primordial na criação, desenvolvimento e exposição de obras, no contexto cultural e artístico que se vive por estes dias no Museu.

A sua salvaguarda não podia por isso ficar descurada, e a oportunidade para dar a conhecer, é também a oportunidade para sensibilizar e fomentar boas práticas na sua utilização.

O acolhimento do projecto apresentado pelo colectivo CasaAbaixo, inserido no Caldas Late Night, permitiu desenvolver uma parceria que vai de encontro aos objectivos, comuns, propostos.

Nesse sentido, e por iniciativa própria, propuseram-se a fazer uma limpeza do espaço. Foram três dias de lavagens, tentando remover graffitis das janelas e pedras de toda a zona do anfiteatro do Museu.

Sabemos porém que esta é uma tarefa ingrata. Além das características da pedra, da fragilidade dos vidros, e das tipologias de tinta utilizadas, foram vários os momentos em que, enquanto se limpava de um lado, alguém riscava do outro.

Fica porém o registo do esforço colectivo, e acima de tudo da sensibilidade demonstrada, resultando numa campanha de sensibilização que facilmente se espalhou por toda a comunidade do CLN.

E fica para futuro a perspectiva de mais acções, concertadas com outros agentes, com o objectivo de voltar a intervir nestes espaços, e de procurar desenvolver uma dinâmica cultural mais frequente, que valorize este património.

Afinal, e servindo de mote a esta iniciativa, opatrimoniotambememeu.

Enquadrado nas áreas estratégicas de desenvolvimento da ESAD.CR – Bem-Estar e Ambiente e Contributos para o Desenvolvimento dos Territórios, assim como no acordo estabelecido com o Plano Nacional das Artes e os Agrupamentos de Escolas de Caldas da Rainha, a ESAD.CR propôs ao Museu do Hospital e das Caldas uma Residência Artística destinada aos estudantes da disciplina de Práticas Artísticas Sociais, orientados pela professora Ana João Romana, e com o apoio da equipa do museu.

O calendário definido para a residência artística iniciou no dia 8 de Abril, com uma visita orientada aos espaços e coleção do Museu do Hospital Termal pela Dora Mendes. Após este primeiro contacto os estudantes tiveram sessões de trabalho no museu e no espaço do sótão da Lavandaria nos dias: 22 e 29 de Abril e 6, 10 e 17 de Maio de 2022. Partindo do referente lançado pela Escola Raúl Proença, os estudantes da ESAD.CR irão trabalhar também conceitos de “Eu sou Água”, em articulação com o património do museu. Durante a residência foram propostas práticas artísticas baseadas em contextos sociais, e sugerido aos estudantes que exercitassem o colectivo, desenvolvendo projectos em colaboração, participativos e/ou comunitários. A residência artística foi dividida em três momentos: um de pesquisa a partir do património material e imaterial do Museu do Hospital Termal, seguido de um momento de trabalho de campo, de exploração de vários aspectos de construção da obra colaborativa, com a possibilidade de incluir metodologias participativas e/ou activistas, ainda a definir pelo grupo de estudantes. O último momento é o de partilha dos processos, objectos e conclusões do período de residência.

Ana João Romana

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