Enquadrado nas áreas estratégicas de desenvolvimento da ESAD.CR – Bem-Estar e Ambiente e Contributos para o Desenvolvimento dos Territórios, assim como no acordo estabelecido com o Plano Nacional das Artes e os Agrupamentos de Escolas de Caldas da Rainha, a ESAD.CR propôs ao Museu do Hospital e das Caldas uma Residência Artística destinada aos estudantes da disciplina de Práticas Artísticas Sociais, orientados pela professora Ana João Romana, e com o apoio da equipa do museu.

O calendário definido para a residência artística iniciou no dia 8 de Abril, com uma visita orientada aos espaços e coleção do Museu do Hospital Termal pela Dora Mendes. Após este primeiro contacto os estudantes tiveram sessões de trabalho no museu e no espaço do sótão da Lavandaria nos dias: 22 e 29 de Abril e 6, 10 e 17 de Maio de 2022. Partindo do referente lançado pela Escola Raúl Proença, os estudantes da ESAD.CR irão trabalhar também conceitos de “Eu sou Água”, em articulação com o património do museu. Durante a residência foram propostas práticas artísticas baseadas em contextos sociais, e sugerido aos estudantes que exercitassem o colectivo, desenvolvendo projectos em colaboração, participativos e/ou comunitários. A residência artística foi dividida em três momentos: um de pesquisa a partir do património material e imaterial do Museu do Hospital Termal, seguido de um momento de trabalho de campo, de exploração de vários aspectos de construção da obra colaborativa, com a possibilidade de incluir metodologias participativas e/ou activistas, ainda a definir pelo grupo de estudantes. O último momento é o de partilha dos processos, objectos e conclusões do período de residência.

Ana João Romana

O Museu do Hospital e das Caldas associa-se à Festa da Cerâmica 2022, e à Câmara Municipal de Caldas da Rainha, promovendo nos próximos dias 15 e 29 de Junho visitas guiadas ao seu património.

Durante esta período serão destacadas algumas peças cerâmicas da colecção do Museu, bem como alguns dos revestimentos azulejares da Igreja de Nossa Senhora do Pópulo e Capela de São Sebastião.

Para mais informações: 262830774 ou mushospcaldas@choeste.min-saude.pt

Se o mês de Maio é particularmente movimentado no nosso Museu, Junho não lhe fica atrás.São diversas as dinâmicas culturais em curso nos espaços do Museu, abrindo-se portas para as mais diversas formas de arte, em estreita colaboração com outras instituições locais, como a ESAD.CR, Escola Secundária Raúl Proença, Caldas Late Night e muitos dos alunos e ex-alunos desta escola superior de arte e design.Dedicamos por isso esta edição da Newsletter, em exclusivo, a todas estas actividades que, embora externas, fazem parte da essência e do propósito de existirmos como Museu de história local.Terminou no final de Maio a residência artística dos alunos da ESAD.CR orientada pela Professora Ana Romana, resultando no desenvolvimento de um conjunto de trabalhos associados ao património termal e ao contexto histórico do Museu do Hospital e das Caldas. Podem ser vistos no Museu em diálogo com as peças da exposição permanente, e na sala de exposições temporárias.A mostra, inaugurada no passado dia 9 de Junho, integrado na programação do Caldas Late Night, recebeu mais de 1000 visitantes nos três primeiros dias. Os trabalhos ficarão em exposição no Museu até ao dia 9 de Julho.CasaAbaixo foi outro dos projectos desenvolvidos em estreita relação com o Museu. Trata-se de um colectivo, composto por alguns dos membros da organização do CLN, que desde 2019 promove uma programação integrada com música, artes e performances, participando no CLN, mas que se estende para além deste momento.Com forte acção interventiva e de sensibilização social para os temas da cultura e património, pretendem habitar locais de forte cariz histórico, dando a conhecer não apenas os espaços, mas as suas potencialidades para dinâmicas culturais e artísticas.Há semelhança do acontecido em 2019, este ano a CasaAbaixo apresentou um conjunto de actividades, entre os dias 9 e 11 de Junho, nos espaços exteriores do Museu do Hospital e das Caldas.Ainda neste âmbito, cabe aos alunos da Escola Secundária Raúl Proença fechar este ano lectivo, com a apresentação dos trabalhos desenvolvidos no âmbito do Plano Nacional das Artes. Prevista para o mês de Julho, está uma exposição colectiva destes alunos, onde serão expostos trabalhos e artes plásticas, história e património.O Museu também se associou à Festa da Cerâmica que teve lugar nos dias 17 a 19 de Junho, no Parque D. Carlos I, destacando na sua coleção algumas peças cerâmicas mais emblemáticas.Neste âmbito, estão agendadas para os dias 15 e 29 de Julho, duas visitas ao Museu integradas nesta primeira fase de programação da Festa da Cerâmica, que incluí diversas actividades nos ateliers dos ceramistas representados, visitas pela cidade, workshops, entre outras actividades.

No âmbito do Dia Internacional dos Museus, teremos o privilégio de ter uma Aula Aberta de Desenho, com Bartolomeu Gusmão.

A aula, que acontecerá no próximo dia 19 de Maio, pelas 10h30.

Submersos na natureza, no ambiente da Mata Rainha D Leonor, deixaremos os sentidos comunicarem com os sentimentos, e a expressividade acontecer através do desenho.

Inscrições: mushospcaldas@choeste.min-saude.pt ou 2628300774

@bartolomeugusmao

Criado a 18 de Maio de 1977 pelo ICOM-Internacional Council of Museums- o Dia Internacional dos Museus surge no sentido de promover junto da sociedade uma reflexão sobre o papel dos museus e do seu desenvolvimento nas comunidades onde se inserem.

Anualmente o ICOM sugere um tema que deve orientar os Museus de todo o mundo para a celebração deste dia, através de actividades várias que deverão celebrar esta relação museu/publico, contribuindo para o estreitamento de relações entre ambos.

Para o ano de 2022 o tema é “O Poder dos Museus”, que procura explorar o potencial dos museus na promoção de mudanças positivas nas suas comunidades.

Enunciando três vertentes distintas: sustentabilidade, inovação e educação, pretende-se destacar o poder transformador dos Museus na construção de um futuro melhor.

Desenvolvimento Sustentável é um dos objectivos das Nações Unidas, trazendo incutidos os conceitos de economia social e a difusão de informações científicas para a resolução de desafios ambientais.

A inovação nas áreas da acessibilidade e inovação digital, ampliando formas de comunicação através da aplicação das novas tecnologias à vida quotidiana. Diversificação de públicos e uma maior atractividade, são também objectivos

A educação, tema amplamente discutido, é outro dos pilares destas comemorações. Através do conhecimento do meio, do contexto histórico, promover o sentimento de pertença na comunidade. Proporcionar oportunidades de aprendizagem permanentes a todos, defendendo os valores democráticos, contribuindo assim para uma sociedade civil informada e participativa.

De facto os museus têm um papel determinante na intervenção da sociedade em geral e, em particular nas comunidades onde estão inseridos. Através da educação, da relação museu-escola, de projectos desenvolvidos em comum, e da oportunidade de relacionar a arte com todas estas dinâmicas, cria-se espaço para desenvolver uma dimensão sensorial e plena, de ligação ao mundo.

A incorporação de diferentes vozes, ideias, diferentes públicos, num contexto de aceitação e integração de todos, tem um papel transformador, contribuindo para a construção de um futuro mais sustentável e justo, de comunidades mais resilientes e democráticas.

A ideia da criação de “um Parque arbóreo com um lago” surgiu com a administração de Rodrigo Maria Berquó, que a partir de 1888, inicia uma nova fase da história do Hospital Termal.

É, no entanto, no tempo de D. João V, por volta de 1747, que o conceito de espaço exclusivo de lazer é aplicado, surgindo nessa época uma zona claramente destinada ao passeio dos doentes. No seio das profundas reformas que empreendeu no Hospital, D. João V constrói a Casa da Convalescença e com e ela justifica a necessidade de aquisição de terrenos que serão destinados a essa nova funcionalidade.

No século XVIII surge um novo interesse pelo termalismo caldense. São feitas inúmeras análises às águas termais e discute-se as suas composições e indicações terapêuticas.

Também nesta altura começa-se a sentir uma certa mutação social que se viria a consubstanciar no século seguinte com o nascimento de uma nova elite, a burguesia. De forma consequente alteram-se usos e costumes e surgem novos hábitos de convivência social.

É pois nesta conjuntura que se fundamenta a adopção do passeio, do lazer e do divertimento como novo elemento complementar da acção terapêutica, levando ao surgimento do Passeio da Copa, mandado construir pelo Administrador Dr. António Gomes da Silva

Pinheiro, na segunda metade do século XVIII. O Passeio da Copa, que se caracterizava por jardim tipicamente Barroco, de composição axial, muros de suporte e escadarias, permitia ao doente ter um espaço de lazer, para passeios ao ar livre, durante a permanência para tratamentos no Hospital Termal. Este projecto inicial viria a ser alterado em 1806 com a planta do novo Passeio das Caldas, que marcará o início do Parque propriamente dito e que corresponde actualmente à zona norte do mesmo.

O século XIX irá conferir às Caldas da Rainha um entusiasmo socioeconómico sem precedentes. As visitas da família real tornam-se constantes, desencadeando dinâmicas de grande aparato social, colocando a vila nos circuitos turísticos nacionais e internacionais mais procurados e afamados, adquirindo o estatuto de Termas da Moda. Acentua-se a componente lúdica do passeio, surge o Clube, onde se podia jogar, dançar e ouvir música, organizavam- se jantares campestres e piqueniques, joga-se boston, o croquet e o arquinho.

Mais do que simples terapia as termas assumem-se como forma de lazer, levando ao desenvolvimento de novas infra-estruturas de apoio. A construção da Linha do Oeste em 1887, símbolo distinto de modernidade virá reforçar e ampliar este contexto.

As sucessivas direcções da instituição termal caldense procuraram corresponder às exigências dos novos públicos, em função dos novos requisitos de carácter medicinal, social e assistencial.

Em 1888, com a chegada do administrador Rodrigo Maria Berquó, inicia-se uma nova fase da história do Hospital Termal, nomeadamente no que toca às novas ideias que o administrador pretende empreender. Começa por solicitar uma verba do orçamento de 1888-89 para proceder à transformação das vinhas existentes junto do Passeio da Copa, num Parque arbóreo com um grande lago.

A sua ideia não se fica por aqui e acrescenta a necessidade de estabelecer diversas formas de entretenimento – jogos, ténis, croquet, bola, tiro à pistola, música no coreto e passeios de barco no lago justificando que essas diversões tornariam a localidade num espaço mais aprazível, com maiores capacidades de concorrência.

A política de Berquó em relação ao Parque desenvolveu-se segundo três vectores: o alargamento, a construção do lago artificial,vedação e policiamento.

Para o alargamento do espaço ajardinado foi necessário utilizar o terreno de cultivo do Hospital, mas houve também necessidade de algumas expropriações que não deixaram de causar polémica, já que os terrenos em causa estavam destinados para a construção de uma urbanização. Berquó define com indispensáveis os terrenos para a construção do Parque e apresenta vários argumentos contra a construção da urbanização, incluindo relatórios dos médicos do hospital.

A construção do Lago Artificial, elemento inovador, que em 1891 já estaria aberto no local, iria levantar o problema do seu abastecimento. A ideia inicial seria alimentá-lo com água termal, fazendo desta forma um aproveitamento dos excedentes de água dos tratamentos terapêuticos. No entanto esta medida não seria suficiente, levando à aprovação de mais um orçamento suplementar para comprar tubagem de ferro fundido que conduzisse a água do depósito da mata para o estabelecimento balnear e Parque D. Carlos.

O novo Parque D. Carlos I irá caracterizar-se estilisticamente por uma exaltação ao sentimentalismo e ao naturalismo, à maneira doestilo paisagístico já em voga por toda a Europa. A análise da planta do Parque elaborada por Berquó, permite-nos verificar um novo

conceito de ordem menos rígida e de simetria mais naturalista.

Nas duas primeiras décadas do século XX, com a instauração da república, o parque foi quase votado ao esquecimento pelas sucessivas administrações do hospital, o apelo da imprensa local para reformar o parque são prova disso mesmo.

A política de reestruturação empreendida por Rodrigo Berquó não terá continuidade com o seu sucessor, o Dr. Filipe de Andrada Rebelo, ficando alguns problemas do Parque por resolver, o que conduziu o espaço a algum abandono e esquecimento.

A partir da década de 30 do século XX, há um retomar da atenção perdida pelo parque, agora local privilegiado não só pelos aquistas, mas também pela população caldense.

Em 1935 o administrador Dr. Mário Rocha, mandou substituir algumas árvores velhas e estragadas. Na segunda metade da década de 40, o melhoramento embelezamento do parque estão na ordem do dia. O grande problema continuava a ser a escassez de verbas.

É com a A.P.D.I.C. – Associação de Defesa dos Interesses das Caldas que, em colaboração com a Administração do Hospital, se aborda a importância de incluir o Parque num plano de urbanização a ser executado pelo engenheiro agrónomo paisagista Caldeira Cabral.

O projecto terá início em 1948 e as obras prolongar-se-ão até 1951.

Com este projecto retomam-se as formas mais regulares, o arrelvamento de espaços baldios, o cultivo de sebes de flores variadas e coloridas e a plantação de árvores criando jogos de contrastes de luz e sombra. O hospital passa a ter a sua própria estufa de flores, onde podia preservar as já existentes ou desenvolver novas espécies.

O projecto incluía ainda o alargamento do Museu provincial José Malhoa e a construção de um Restaurante-Bar, para substituir a esplanada, assim como a reparação do ringue de patinagem cujo pavimento há muito demonstrava necessidade de ser reparado.

Outros cuidados estéticos foram largamente utilizados embelezando espaços com fontes e tanques, aplicação de azulejos e formosas bicas de cantaria.

Logo no ano de 1950, a imprensa local tece rasgados elogios aos melhoramentos efectuados, pela sua beleza e pela oferta à população caldense e aquistas frequentadores do Hospital, tornando-o num dos atractivos da cidade de Caldas da Rainha.

Comemora-se no próximo dia 18 de Abril, o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. O tema “Património e Clima”, procura estreitar a relação entre património cultural, através da sua salvaguarda e sensibilização do individuo, com o reconhecimento de um sentido de pertença e participação na protecção do meio ambiente. Procura-se assim contribuir para a construção de uma acção climática inclusiva, transformadora e justa.

Em causa está a construção de uma perspectiva de economia circular do ponto de vista do Património Cultural. Por um lado o reconhecimento dos danos que tem vindo a sofrer pelos efeitos do aquecimento global, alteração de ecossistemas envolventes e, por outro lado legitimar o seu papel enquanto agente na construção de uma acção climática inclusiva, transformadora e justa.

Raros são os locais que se podem orgulhar de manter um tão vasto e precioso património natural. É pois a Natureza que impera nos seus mais diversos talhes, cores e texturas, lembrando-nos que é a Matriz de todas as coisas.

A função da Mata Rainha D. Leonor e do Parque D. Carlos I prendia-se essencialmente com a componente de lazer associada ao recreio do espirito e ao descanso do corpo, elementos essenciais no receituário da hidroterapia. No entanto, ainda que a construção da cerca do Hospital não tivesse considerado a produção agrícola, devido às características das suas terras, remetendo este local para pastoreio, produção de matos, lenhas e madeiras, especialmente beneficiados por particulares medidas de protecção iniciadas com D. Leonor, esta componente não foi descurada, já que durante largos anos reservou terrenos agrícolas naquele que é hoje o Parque D. Carlos I.

A função destes espaços vai por isso muito além da fruição do local, assumindo-se como local de manutenção de toda uma comunidade envolvente, neste caso, em especial o próprio Hospital Termal, fornecendo-lhe alguns bens essenciais ao seu sustento, a par com a função de descansar a alma a todos os que o frequentavam.

Convidemo-nos pois a passear por estes locais, imersos em detalhes de cores, cheiros e sons, fruído das singularidades ímpares que nos rodeiam.

Será nesse sentido que trazemos para este ano a exposição de Bartolomeu Gusmão, a inaugurar no dia 23 de Abril. Tem como titulo “Ritornello”, remetendo o autor para um local em que o processo de ir construindo um território é dinâmico, e por vezes repetido no ritmo, até que a procura faça sentido.