colecção


O Museu do Hospital e das Caldas associa-se à Festa da Cerâmica 2022, e à Câmara Municipal de Caldas da Rainha, promovendo nos próximos dias 15 e 29 de Junho visitas guiadas ao seu património.

Durante esta período serão destacadas algumas peças cerâmicas da colecção do Museu, bem como alguns dos revestimentos azulejares da Igreja de Nossa Senhora do Pópulo e Capela de São Sebastião.

Para mais informações: 262830774 ou mushospcaldas@choeste.min-saude.pt

Centro Hospitalar do Oeste E.P.E.

Resenha Histórica

O entendimento daquele que é hoje o complexo patrimonial em que se enquadra do Centro Hospitalar do Oeste Norte, E.P.E., só é possível à luz do conhecimento histórico e conjectural que motivou, não apenas o surgimento desta instituição, mas também o seu modelo de gestão ao longo dos tempos.

Ainda que de origem recente, o Centro Hospitalar Oeste reúne instituições cuja história da assistência em saúde nos deixam legados patrimoniais que se confundem com a história dos próprios núcleos urbanos onde estão inseridos.

Pela portaria nº 276/2012, publicada em Diário da República, foi criado o Centro Hospitalar do Oeste, passando a assumir-se em pela portaria nº 115/2018, como Centro Hospitalar do Oeste E.P.E., integrando o Centro Hospitalar de Caldas da Rainha e com ele o Hospital Termal Rainha D. Leonor, o Hospital São Pedro Gonçalves Telmo de Peniche e o Hospital Distrital de Torres Vedras que englobava o então Hospital Dr. José Maria Antunes Júnior – antigo Sanatório do Barro.

Tendo por base a fundação daquele que é considerado por Augusto da Silva Carvalho, como o primeiro Hospital Termal do Mundo – Hospital de Nossa Senhora do Pópulo, propõe-se uma abordagem integrativa que se alarga na história da saúde na europa, posicionando Caldas da Rainha, e a região Oeste, a par do Hospital de Todos os Santos e dos grandes e inovadores Hospitais do Renascimento Italiano.

A promoção da saúde não se extingue na fundação deste hospital e na originalidade da sua proposta de gestão, habilmente criada pela Rainha D. Leonor. Prolonga-se ao longo dos tempos, através de soluções inovadoras, como o Hospital de Santo Isidoro já no Séc. XIX, dando resposta às premissas de cuidados de saúde que se faziam sentir então, e às necessidades da população local.

Se a saúde do corpo foi amplamente tratada, a saúde da alma não foi descurada. É disso exemplo a construção da Igreja de Nossa Senhora do Pópulo assegurando o tratamento espiritual dos doentes ou, mais tarde, o Parque D. Carlos I com todas as actividades lúdicas que animavam os que às Caldas da Rainha se vinham tratar.

Nas proximidades, os banhos de mar surgiram como forma de bem-estar, animando o corpo a curar-se nas águas salgadas, e implementando o hábito social de ir a banhos à praia nos inícios do Século XX. As magníficas praias de Peniche são, disso, exemplo.

Embora o Hospital S. Pedro Gonçalves Telmo seja relativamente recente, a história da assistência em Peniche é bem mais antiga, devendo-se a fundação do primeiro hospital à Confraria do Corpo Santo, em 1617.

Será em 1626, com a fundação da Misericórdia de Peniche, que a Irmandade de São Gonçalves Telmo, num gesto de profunda solidariedade, coloca o recente hospital à disposição da nova obra social, garantindo assim os apoios sociais e de saúde a todos os necessitados, bem como o patrocínio cultural para a Igreja vizinha, dos magníficos quadros de Josefa de Óbidos e de seu pai, Baltazar Gomes Figueira.

Por volta de 1831 as instalações do primitivo hospital encontravam-se bastante degradas, tornando-se necessário remodela-las para que as obrigações assistenciais pudessem ser cumpridas, o que acontecerá em 1930.

Afirmando a sua importância na história da saúde em Portugal, será em Peniche que se cria aquele que foi o primeiro Centro Cirúrgico do distrito de Leiria e um dos primeiros instituídos no país. É neste contexto, que será realizada, em 1954, uma intervenção marcante pela sua inovação: “Ferida do coração operada no Hospital de Peniche”, pelo Dr. Simões Moita.

Se a Rainha D. Leonor se constituí como elemento agregador de todas estas unidades hospitalares, na medida em que a Ela se deve a fundação das Misericórdias Portuguesas, também a Ordem de Santa Maria de Rocamador encontra na história do Centro Hospitalar do Oeste lugar de destaque.

A esta ordem se devem as primeiras explorações das águas termais nas Caldas da Rainha, mas também a constituição daquele que será o hospital mais antigo de Torres Vedras, o Hospital de Santa Maria de Rocamador, que se localizaria nas dependências da antiga ermida de N.S.ª do Ameal. Dever-se-á esta obra à Rainha D. Isabel, em 1310. O mesmo viria a ser entregue, em 1337 à Confraria dos Alfaiates.

Segundo o Compromisso do Hospital de S. Geão, no ano de 1359 “decidiram os sapateiros da então vila de Torres Vedras construir um hospital e uma ermida dedicadas ao seu santo protector, S. Julião ou, mais popularmente, S. Gião”

Já no século XVI, com a fundação da Misericórdia de Torres Vedras, e por ordem de D. Manuel em 1520, serão transferidos todos os bens da Confraria, entre eles, o Hospital do Espirito Santo, entretanto anexado. Será ainda, em 1859 anexado o Hospital do Machial. Objectivando melhorar as condições de assistência, será em 1943 inaugurado o novo edifício do Hospital ao serviço da Misericórdia, onde se encontra até aos dias de hoje.

A história cruza-se de forma geral na assistência e na saúde, no entanto, é na vertente de tratamentos respiratórios que confluem pontos comuns entre Caldas da Rainha e Torres Vedras, através do Sanatório do Barro.

Apesar de a sua criação remontar a 1956, a referência às suas qualidades como local de recuperação para os “fraquinhos do peito”, remonta à época da construção do primeiro edificado, em 1570, e reedificado em 1619. Fazendo consolidar a vertente assistencial que sempre se associou a este local.

A sua função inicial, religiosa, manteve-se ao longo da sua história, e apenas será rebatida com a implementação da república em 1910, com a inauguração em 1912 do Asilo Elias Garcia.

Após um período de abandono, devido às más condições do edifício, será então remodelado para instalação do Sanatório em 1956, funcionando até aos anos 90, altura em que é criado o Hospital José Maria Antunes Júnior, em homenagem ao seu administrador. Este seria integrado no Centro Hospitalar de Torres Vedras em 2001.

Com todo o exposto, é certo que o Centro Hospitalar do Oeste. E.PE. agrega na sua génese uma vasta área territorial e histórica, mas também uma complexa rede de bens patrimoniais, redes assistenciais e de cuidados de saúde que constituem memória de toda uma região.

A perpetuação da memória histórica que se traduz nos diversos bens á guarda desta instituição, é instrumento essencial para o cumprimento dos objectivos a que se propõe, sendo que o seu conhecimento contribuirá, em ultima análise, para um melhor entendimento da tarefa de cada um de nós nesta missão.

Caminhamos hoje objectivando uma perspectiva global, que parte das vicissitudes históricas e com as particularidades de cada uma das três comunidades hospitalares, que constituem o CHO, para a construção de uma unicidade potenciada pelo vasto conhecimento e experiencia na assistência e na saúde em Portugal, afirmando-se seguramente nos anais da história da saúde na europa.

Embora alguns dos bens patrimoniais não se encontrem no presente sob a administração do CHO, continuam indissociáveis na sabedoria e conhecimentos adquiridos por todos. Importam por isso constar como elementos parceiros na edificação do futuro, conferindo a cada um deles, em particular, e à história de toda a região, no geral, um sentido mais vasto e uma garantia de futuro alicerçada pela importância histórica que têm.