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A RAINHA D.LEONOR (1458 – 1525)

D. Leonor nasceu em Beja, em 1485, numa familia da grande nobreza, aparentada com a familia reinante da Dinastia de Avis. Era filha do Infante D. Fernando, neta do rei D. Duarte e sobrinha do rei D. Afonso V. Casou com o principe herdeiro, D. João, seu primo, em 1473. Pela sua formação, personalidade, intervenção na vida politica e cultural do seu tempo, foi D. Leonor uma figura da maior importânica no Renascimento. Fundou diversos estabelicimentos religiosos e de assitência, renovando neste caso a sua organização, criando as Misericórdias. Promoveu a importação de obras de arte da Falndres e da Itália e dirigiu inúmeras encomendas a mestres portugueses – pintura, escultura, arquitectura – , tendo patrocinado ainda ourives, iluminadores, impressores e autores literários.

Frei Jorge de S. Paulo, provedor do Hospital das Caldas, chamou-lhe princesa perfeitissíma. Foi já no século XVI que desenvolveu parte da sua notável actividade em prol da cultura e do humanistmo, quando a Rainha, sobrevivendo à morte do marido e do único filho, viu seu irmão ascender ao trono, o rei D. Manuel I. Morreu em 1525, tenso deixado como uma das suas criações mais notáveis o Hospital das Caldas.  

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A FUNDAÇÃO DO HOSPITAL E DAS CALDAS

D. Leonor tomou posse do senhorio de óbidos em 1482 e, ordenou, a expensas suas, obras no balneário e na albergaria das suas caldas pouco tempo depois, supostamente em 1484. Uma tradição admite que a própria Rainha beneficiou da terapêutica com águas termais. Mais tarde, após conselho médico, mandou edificar um grande Hospital, com Igreja anexa, que pudesse receber doentes de todo o reino. Ambos foram dedicados a Nossa Senhora do Pópulo e dos respectivos planos foi encarregado o arquitecto Mateus Fernandes, mestre de Santa Maria da Vitória (Batalha).

Sob o impulso da Rainha, com o apoio dos monarcas D. João II e D. Manuel, surge assim, na transição do século XV para p século XVI, uma instituição original e pioneira – o Hospital de Nossa Senhora do Pópulo – e, uma povoação, cedo dotada de termo, desanexado do termo de óbidos, com estatuto de Vila e, Câmara própria – as Caldas da Rainha.

TEMPO DOS LÓIOS

Em 1532, a coroa entrega a administração dos principais hospitais do reino à Congregação de S. João Envagelista, conhecidos por Lóios ou Padres Azuis, sob a fiscalização da Mesa de Consciência e Ordens. Assim, ao longodo século XVI, o Hospital de Nossa Senhora do Pópulo consolidou-se como grande instituição de saúde e assistência de âmbito nacional.

Além do balneário propriamente dito, formado por três piscinas,o edifício integrava diversas enfermarias, duas para entrevados, uma para convalescentes e outra para peregrinos, diversas salas de apoio e uma botica. Aos doentes pobres de todo o País era garantida assit~encia gratuíta. Efectivamente das 110 camas, 70 destinavam-se a doentes pobres e as restantes a pensionistas, frades e peregrinos. Em meados do século XVI, o Hopital começa a receber também  doentes que pagem o seu internamento. Os enfermos eram préviamente examinados por um médico, afim de excluir os considerados incuráveis. O período de internato durava cerca de 4 semanas, no decorrer das quai o tratamento dos pacientes incluía não apenas os banhos, mas também dieta rigorosa e aplicação de medicamentos complementares. O serviço clínico era assegurado por um físico-cirurgião, auxiliado por um boticário, 3 enfermeiros e um barbeiro-sangrador. A experiência foi definindo o elenco das doenças tratadas no balneário cladense. O principal grupo de diagnóstico foi, desde sempre, o das “frialdades”, doenças reumáticas e musculoesqueléticas.

O SÉCULO DAS REFORMAS

No século XVIII, reatou-se o interesse directo da Coroa pelas Caldas. D. João V realizava tratamentos termais com frequência e, os seus sucessores mantiveram a prática. Com a familia real, deslocava-se um numeroso séquito que se distribuía pelas casas nobres da vila. A aristocracia adoptou igualmente esse hábito.

A Coroa decicui realizar obras profundas no balneário e modernizar a vila. D. João V iniciou essa reforma, encarregando o Engenheiro-Mor do reino, Manuel da Maia, de palear novas instalações para o Hopital e para o Município e, uma rede de abastecimento de água à vila. O seu filho, D. José, outorgou em 1755 um novo regime de funcionamento ao Hospital D. Leonor e a ter direcção designada pelo Governo. A função termal do estabelecimento é reforçada e o seu corpo clinico reorganizado.

Com a presença dos reis D. João V, D. José I e, D. Maria I, a estrutura urbana desenvolveu-se e modernizou-se com os novos edificíos e equipamentos: o Hopital, os Paços do Conselho, três chafarizes, um dos quais monumental, a Casa da Convalescença, o Passeio da Copa.

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D. JOÃO V E A “REFUNDAÇÃO” DAS CALDAS

D. João V deslocou-se treze vezes às Caldas, para tratamento, entre 1742 e 1748. Mas a sua presença prolongou-se muito para além desse curto espaço de tempo e pelas obras que testemunham o seu interesse pela renovação das termas e valorização da vila.

Obra da responsabilidade de Manuel da Maia e Eugénio dos Santos, o novo edifício do Hospital caracterizou-se por uma maior funcionalidade e traça joanina, ainda evidente apesar de lher ter sido acrescentado o terceiro piso nos finais do século XIX.

Quis o monarca que a universalidade da língua latina e a solidez da pedra garantissem a preservação da sua mensagem que a fraca memória dos homens poderia não vir a guardar. Quis que fiacsse gravada para a posteridade a ideia de que a recosntrução do Hospital, mais do que integrar-se no conjunto de profundos melhoramentos então mandados efectuar nas Caldas, constituía como que a refundação da vila. A ideia, afinal de que a acção de D. João V, relativamente às Caldas, só poderia ser comparável à da própria rainha D. Leonor, sua fundadora.

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A ARTE NO REINADO DE D. JOÃO V

Conhecida como joanino, a arte do reinado de D. João V – caracteriza-se pela prática artística de cariz mecenático do soberano – corresponde ao triunfo do Barroco em Portugal. Caracteriza-se por empreendimentos grandiosos (Mafra) e pela renovação estética que engloba da conjugação das diversas artes: pintura, escultura, azulejaria, talha, ouriversaria, conferindo-lhe expressão e formas de grande esplendor.

A acção mecenática de D. João V foi muito marcada pela religiosidade e espírito de fé da sua época, revelada nas ofertas de arte sacra e objectos litúrgicos ás Igrejas de todo o país, como se comprova na valiosa doação destinada à Igreja de Nossa Senhora do Pópulo, feita em 14 de Agosto de 1742.

A entrega destas peças foi feita pelo Prior da Freguesia de São Nicolau de Lisboa, João Antunes Monteiro, como representante do Rei. O auto foi lavrado pelo notário na presença do Juíz de Fora e seus oficiais, do Provedor do Hospital e do Vigário da Igreja. 

AS ÁGUAS

O interesse pelas aplicações termais no século XVIII deu origem a uma larga produção de obras ciêntificas e médicas sobre a composição das águas. A academia e a universidade, a química e a medecina, portugueses, estrangeiros e estrangeirados procuraram determinar com novos critérios de rigor os elementos constituíntes das águas sulfúreas das Caldas da Rainha, afim de determinarem com exactidão as suas virtualidades terapêuticas e as suas contra-indicações.

Nesse processo, a água termal é como que despojada de uma certa aura mágica, para se tornar um produto, cuja integridade e valor o Hospital deve preservar e os seus médicos e restante pessoal especializado administrar de forma selectiva. A abundante literatura produzida na época foi concorde num ponto: as águas termais das Caldas são as mais ricas e merecem ser mais e melhor conhecidas em Portugal e na Europa. 

AS TERMAS DA MODA

Durante o século XIX, o Hospital Termal de Caldas da Rainha conquista novos públicos e áreas terapêuticas: além de portugueses, espanhóis, além da corte e dos estratos populares e rurais, as burguesias urbanas; além das doenças reumáticas, doenças das vias respiratórias. Sonha-se fazer das Caldas um dos maires centros termais da Europa. O Passeio recebe um Clube e mais tarde é transformado em Parque, por Rodrigo Berquó. No tempo deste Director (1888 – 1896), um novo Hospital (Pavilhões do Parque) é construído, oantigo recebe mais um piso, o Palácio (actual Museu) sofre beneficiações. A vila urbaniza-se em função do termalismo.

A “SALA DOS REIS”

O facto do Hospital Termal ter sido fundado pela rainha D. Leonor e pertencido sempre à Casa das Rainhas, pode justificar a presença desta galeria dos Reis de Portugal, agora incompleta, tendo desaparecido, por exemplo, os retratos dos reis da Dinastia Filipina, cuja exist~encia está documenetada.

Entre o retrato do Conde D. Henrique e o de D. Pedro V, a série foi sendo actualizada pela mão de pintores qualificados como Belchior de Matos (activo 1595 – 1628), António Machado Sapeiro (activo 1704 – 1740), Miguel António do Amaral (1710 – 1780?) e Joaquim Rafael (1783 – 1864?).

Irregular na qualidade, este conjunto importa sobretudo pela afirmação iconográfica das figuras reais. A sua apresentação é feita pela primeira vez na totalidade, dispersa que estavam pelos diversos espaços do Centro Hopitalar.

3 Respostas to “O Museu – espaços museológicos”

  1. Hamm, Sabina Says:

    Sabina Hamm
    Leibnizstr. 89
    10625 Berlin

    030 – 633 71 911
    Handy: 0173 – 459 32 74

    Exmas/os Senhoras/res
    estou as actualizar a minha recherche sobre o pintor Manuel Antonio do Amaral com o fim de publicar na alemanha em alemao.

    – A Capela do SS Sacramento no Mosteiro de Belém sua decoracao e historiografia (trabalho de mestrado efectuado para a Freie Universität Berlin Instituto dfe História de Arte sobre a orientaçao de Prof. Dr. Werner Busch ( Resumé vai sair editado nas Mitteilungen der Carl Justi Vereinigung 2006/ 2007)
    – Miguel Antonio do Amaral no Mosteiro dos Jerónimos Analise análise da obra diante da época Pombalina e de D. Maria I
    (Reforma e Restauraçao eclesiastica)
    Trabalho a apresentar no Colóquio dce historia de Arte Espanhola na Freie Universität Berlin

    tem alguma indicaçao bibliográfica mais actual que eu possa introduzir no meu trabalho?

    Com os meus melhores cumprimentos

    Sabina Hamm


  2. Boas.

    Cara Sabina Hamm, penso que pode entrar em contacto com o professor Vitor Serrão, que em Portugal é a pessoa mais indicada para lhe facultar os dados em relação à sua investigação.
    A Câmara Municipal da Moita tem uma colecção de retratos régios, encomendados pelo Mosteiro de Alcobaça a Manuel António do Amaral.

    Com os melhores comprimentos,

    Alex

  3. maria teresa Says:

    Porque não aparece o retrato de d. maria segunda?

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